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Olá, eu sou a Ana, mãe de 2 pequenos, professora e exploradora do Método Montessori em casa e na escola. Sê bem-vind@ ao meu blog ❤️

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Os números em Montessori #1

Os números surgiram da necessidade do ser humano de contar o que possuía, fossem ovelhas, alimentos, ingredientes, pessoas... Nos nossos pequenos vemos muitas vezes essa necessidade na forma de brincadeiras que nos parecem tantas vezes sem sentido.

Maria Montessori dizia que o desenvolvimento da criança está diretamente relacionado com as fases de Desenvolvimento do Homem. Eu adoro essa visão! O bebé que leva tudo à boca tentando entender o que no mundo será comida ou não. O gatinhar e de seguida andar na passagem de macaco para hominídeo. O desenvolvimento da pinça e sensibilidade para objetos pequenos na criança, que lembra o desenvolvimento do polegar oponível dos hominídeos e que ajuda a apanhar frutos pequenos como amoras nas sociedades recoletoras. O caminhar aos 2 anos de forma errante, absorvendo o mundo e procurando comida, como os primeiros homens nómadas. A sensibilidade a animais, principalmente e inicialmente os domésticos, o gosto em cuidar deles,  assim como de plantas na horta, tal como os humanos das comunidades agro-pastoris.
E a necessidade de guardar tudo em sacos e saquinhos?
Inicialmente observei isso no meu filho e pensei que fosse uma coisa dele, uma brincadeira sem importância. Até que agora a pequenina começou a fazer o mesmo, não por imitação, mas com aquele verdadeiro interesse de quem está a analisar o que cabe e não, como cabe...

E isto lembrou-me daquela ideia de um pastor que, querendo guardar o seu rebanho de modo seguro sem perder nenhuma ovelha, decidiu usar um saquinho com pedras, sendo que cada pedra representava uma ovelha. Assim, à noite, ele passava as pedras uma a uma dum saco para outro conforme cada ovelha entrava no estábulo. E assim sabia se as tinha todas ou se alguma se tinha perdido.

Em Montessori, antes da Matemática em si, trabalha-se o Sensorial e a Vida Prática E este Sensorial é muito rico em elementos que ajudarão a Matemática, assim como a Vida Prática.

No Sensorial temos a Torre Rosa, a Escada Castanha, os Cilindros com Botão e sem botão, as Barras Vermelhas, tudo em conjuntos de 10, introduzindo o Sistema Decimal e as proporções, as medidas, as diferentes propriedades (leve/pesado, grosso/fino, grande/pequeno...) e a noção de sequência duma forma inconsciente. As caixas de cores que ajudam a fazer pares de cores e a relacioná-las, formando conjuntos segundo determinadas propriedades.

Na Vida Prática temos as quantidades (seja de frutos, pães, ingredientes para uma receita), temos o dobrar guardanapos em partes iguais (que podem ajudar já aos números, formas geométricas, mas mais tarde também à divisão e até frações), temos os conjuntos de objetos semelhantes e diferentes, temos as proporções, temos as medidas... 

Então, quando e como surgem os números?

Após as Barras Vermelhas.
A criança que já percebeu a proporção entre elas e que as coloca por ordem está pronta para aprender os números, primeiro com as Barras Vermelhas e Azuis e depois com os Números de Lixa. Porque esta criança já tem as noções de pequeno e grande, maior e menor, curto e comprido e de sequência.

Segue a apresentação com as Barras Vermelhas e Azuis:

Numa primeira fase, iniciamos pelos 3 primeiros números, realizando a Lição de 3 Partes:


A LIÇÃO DE 3 PARTES

1a parte: Este é o um. Um.   

 Este é o dois. Um, dois. 

   Este é o três. Um, dois, três.
Depois desta apresentação, pode-se convidar a criança a repetir o que foi feito.

2a parte: Pode-se (ou não) misturar as 3 barras e pede-se à criança:
Mostra-me o 1.
Da-me o 2.
Diz-me: qual é o 3?

Pode ser interessante colocar esta fase numa forma de jogo de movimento, tornando-a mais divertida para a criança. Assim, pode repetir-se esta 2a parte várias vezes, permitindo a memorização e o movimento:

Dá-me o 2.
Pega no 3 e coloca-o ao teu lado.
Põe o 1 em cima da tua cabeça.
Põe o 2 na tua testa.

Se a criança precisar de mais movimento: põe o 3 no meio da sala. Vai buscar o 3. 

Eles acham esta dinâmica muito divertida e isso ajuda à repetição e memorização de conceitos.


3a parte: É uma fase que nos permite perceber se a criança efetivamente aprendeu. Não é obrigatório que seja super formal. Pode, inclusive, ser esquecida se a criança revelar conhecimento dos números durante o dia a dia, através da observação das suas atividades e conversas no ambiente preparado.

Escolhe-se uma barra e pergunta-se à criança: 
Qual é?
Repete-se para as restantes.

Esta lição de 3 partes dá para praticamente qualquer apresentação Montessori.


Quando a criança aparenta estar confiante e saber os 3 primeiros números e a associação à sua quantidade, pode-se introduzir (normalmente no dia seguinte e não no mesmo dia) as outras barras, em grupos de 3.


Pelo meio, também se podem ir introduzindo os Números de Lixa.

E como se apresentam os números de lixa?

"Este é o um" 
Passa-se o nosso dedo sobre o 1 de lixa. Se se quiser, pode-se, de seguida,desenhar-se no sal/areia fina, mas não é obrigatório.

Apaga-se abanando o tabuleiro até o sal ficar uniforme (também se pode usar uma régua para alisar o sal/areia).

"Este é o dois."
Passa-se o nosso dedo por cima e desenha-se de seguida na areia.

Pode-se fazer o mesmo com o 3. Depois convida-se a criança a fazer o mesmo.

Mais uma vez, faz-se apresentações de 3 números de cada vez, que podem ou não ser seguidos. Para nós fez sentido seguidos, mas ele tem os seus favoritos para fazer :)

Aqui está o registo do meu filhote quando andamos a trabalhar os Números de Lixa a partir do 4:
È muito natural eles quererem passar por cima daqueles que sentem que são mais difíceis, e está tudo bem!

No outro dia apresentei os restantes até ao 9.
E foi assim. "ai, e tal, mas não está bem feito!" pensam vocês. Em Montessori não se corrige a criança. O erro faz parte da aprendizagem! Em breve, e sem ninguém lho apontar, ele vai fazer bem :) 

Já agora, outra explicação: em Montessori usa-se o tabuleiro de areia porque Maria Montessori observou que as crianças adoravam desenhar e escrever na terra ou na areia :) E assim podem escrever sem se preocupar com o erro: qualquer coisa, é só abanar a areia e começar se novo :) Além disso, a motricidade fina das crianças desta idade ainda não é a ideal e adequada para escrever já no papel. Pelo que iniciar no tabuleiro de areia ajuda à expressão da escrita natural sem a penalização de não se conseguir ainda pegar corretamente no lápis! Muito engenhoso, não acham? 

Entretanto, o tabuleiro fica disponível com os números para ele treinar à vontade dele <3

Outra variação deste tabuleiro foi esta, de bulgur com corante verde.

E como estamos sempre a aprender com eles, nessa tarde, numa passeio, ele foi o 1o a observar: 
"Mamã, olha o nove!"
" E este, qual é? " "Nove!"
Não faz mal! A gente vai continuar a treinar e recordar :) <3

Entretanto, seguimos em frente com a Associação do Algarismo à Noção de Quantidade que nos foi inicialmente dada com as 1as apresentações das Barras Vermelhas.


Por agora, ficamos por aqui. O pequeno vai repetir e repetir estas atividades até ser altura de continuar. Nessa altura, vamos trabalhar com as nossas pérolas. No nosso caso, não serão pérolas com as cores Montessori, mas sim do cuisenaire, que é um material muito comummente utilizado no 1o Ciclo. Mas o princípio mantém-se! 

Outras atividades giras que não são Montessori mas Montessori Friendly e que podem ajudar a cativar o interesse pela repetição de números, números, números são:
Associar quantidades colocando objetos em cima.

Círculos temáticos para contagens e associação de molas com os números escritos. (não tirei foto, mas os números estão escritos por trás para autocorreção).

Os famosos cartões autocorretivos para marcar a resposta certa com uma mola.
"Mas, mas eles não vão fazer batota e ver a resposta atrás?"
Sim, claro que sim. Claro que convém motivá-los sempre a fazer corretamente. Se for preciso, fazer nova apresentação no dia seguinte, se tudo o que a criança decidiu fazer foi olhar para trás do cartão!
De qualquer forma, os materiais Montessori (ou friendly, neste caso) têm o controlo do erro precisamente para a criança poder aprender sozinha e repetir as vezes que forem necessárias até saber. Dado que se encontra na fase do Maior Esforço, ela tentará melhorar-se sempre! :)
Estes cartões maravilhosamente doces são daqui! Espreitem os materiais gratuitos, são lindos! :)

Dêem-lhes tempo :) <3

 Associar número à quantidade com diferentes objetos pode ajudar a motivar e trazer a criança de volta a uma atividade que necessita de voltar a repetir para melhorar a aprendizagem.
E este é um dos nossos mais recentes favoritos: contagens fazendo um gráfico :) 

Boas atividades!

Até breve!







Estantes por Áreas

Após o fantástico webinar da Seemi Abdullah do Trilium Montessori foi quase impossível não por mãos à obra!
Comecei logo a planificar um plano bimensal tendo em conta os interesses do meu filhote tentando conjugar com a fase de desenvolvimento da minha baby, e definitivamente isso foi uma boa ideia, porque ajudou a visualizar como pode funcionar melhor.
Então mudei de novo o set, sendo que, agora, esta estante será dedicada apenas a trabalho de Zoologia, Botânica e Geografia/Cultura.
Decidi que este ano vamos trabalhar os continentes, fazendo as famosas caixas dos continentes (em que lá dentro se coloca de tudo um pouco sobre os mesmos para a criança explorar e conhecer).
Dentro da nossa estão cartões com fotos de crianças, locais e mamãs com bebés amamentando ou fazendo babywearing. Estou a contar fazer ainda uns cartões extra com comidas típicas e possivelmente casas típicas também.
Lá dentro estão ainda os cartões usado aqui para ajudar à rotação da estante ou para exploração pelo pequeno, caso ele o decida.
Ele anda numa fase super gira de sensibilidade de cores! Já lhe apresentei a caixa no3 Montessori, mas ainda precisa de mais tempo :)
Entretanto, brinca com arroz colorido :)
  Quanto ao resto do set:
Estou neste momento a estudar estruturas porque, quando recomeçarem as aulas, a pequenina vai ficar por casa e ele não. 
Então, convém que nada lhe fique ao alcance quando ele não estiver.
Assim sendo, decidi que a Matemática e Linguagem ficam num móvel com gavetas: qualquer material mais sensível rapidamente vai para uma gaveta quando sairmos para a escola, ou na noite anterior. 
Ao alcance dela fica tudo o que lhe possa ser de interesse, nomeadamente  a Mesa das Estações, aqui também, no centro, onde o alcance é mais fácil.

Ele ficou fã do exercício de gráfico, definitivamente vou apostar mais em materiais assim!
O mais engraçado é que ela também adorou este conjunto, para pintar, claro :) Cada um ao seu nível <3

Contamos também bolinhas, "maçãs" e cubos:

Entretanto comprei mais 3 estantes para ver se consigo aplicar melhor o que a Seemi sugeriu, e tenho de admitir que gosto mais assim, finalmente tenho espaço para o pequeno ter os seus materiais sem a mana estragar, e definitivamente já vi momentos de concentração que já não via há muito! O rapaz tem de trabalhar em cima da estante, mas paciência!!!

Esta está com o Sensorial em baixo para a pequenina, em cima com o corpo humano para ele. Atrevi-me a colocar cartões de 3 partes, será que ele vai demonstrar interesse?

A 2a estante que comprei reforça a área de construções e  fica com o material artístico em cima.

Entretanto, a pequenina inicou o desfralde:
Um cantinho simples mas que se tem mostrado eficaz!


E muito ar livre! 

 Transferências na praia <3

Observar as uvas :)

E mais horta! O papá agora decidiu fazer uma reportagem fotográfica sobre os bichinhos que nos acompanham! Que acham desta menina?? :)
Em breve conto fazer uns cartões com estas fotos de bichos do nosso jardim, mais relacionado com a realidade da criança não há :)


<3 Até breve <3