Acerca de mim

A minha foto
Olá, eu sou a Ana, mãe de 2 pequenos, professora e exploradora do Método Montessori em casa e na escola. Sê bem-vind@ ao meu blog ❤️
Mostrar mensagens com a etiqueta Movimento. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Movimento. Mostrar todas as mensagens

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Como está a nossa sala agora ❄️🌱🌿😃🌳🌲🌱🦊🦡🦝🐰🐻🦁🙊🐯🐶🐺🐌🐜🦗🐚🦟🐝🐞🦋🐛🕷️🕸️


Hoje inicio o relato pela liberdade em criar. Na nossa sala, há sempre materiais para libertar a criatividade. Há algumas atividades em grande grupo, como a da 1a foto, mas muitas surgem espontaneamente da vontade deles. Entre plasticina, formas, papéis variados, materiais de desperdício e de reutilização/reciclagem (que eles já aprenderam a guardar para estes projetos), coisas construídas por eles vão surgindo e é um processo belíssimo de se ver. E tira-me de cima a responsabilidade de ter de preparar aulas específicas para este tipo de trabalho: os mais velhos ensinam os mais novos as técnicas aprendidas em anos anteriores, ou que eles próprios pesquisam na internet em casa, ou que eu muito rapidamente lhes ensino entre a gestão do trabalho dos 4 anos :) E que bom que eles são tão autónomos e criativos nisto :) <3

O nosso espaço de linguagem anda assim! Os mais novos têm revelado interesse crescente em escrever na areia, em fazer os exercícios (belíssimos, do HOKA que falei aqui) de Consciência Fonológica e Fonémica, e os mais velhos andam a adorar trabalhar os contos tradicionais (ali, são os livrinhos da coleção do Pingo Doce, que está uma delícia devido aos CD's com a narração da história e uma música para cantar, permitindo a interdisciplinaridade com a música e a expressão dramática tb :) ) A gramática, brm adquirida, está em stand by porque eles já assimilaram muito bem as aprendizagens e já não sentem necessidade dela :)

O nosso espaço da ciências ganhou um novo material de exploração, que, claro, já conquistou os miúdos: um microscópio! Além disso, temos novos materiais de experiências para testar! Tudo isto graças à nossa participação, ano passado, no Projeto de Ciências da Fundação Ilídio Pinho!

O microscópio tem uma base que permite tirar fotos com o telemóvel! Aqui está a observação de uma casca de cebola: 

Entretanto, os mais velhos estiveram a ensinar os ciclos de vida dos animais aos mais novos, e foram eles também que tiraram fotos do processo :)
Temos nova estante, agora virada para as plantas e animais, tema comum em quase todos os anos, em diferentes níveis. Ainda não está pronta a 100%, aos poucos vai enchendo... (às vezes é mesmo difícil organizar tudo a tempo, mas as crianças são super flexíveis e adaptam-se sempre bem :) )
Eles adoram os animais em miniatura mesmo para jogo simbólico, mas também para problemas de Matemática do estilo "Quantas orelhas têm 3 vacas? E patas?" Ajudam muito concretizar! 
Os mais velhos ficaram fãs duns carimbos antigos com animais que encontrei e coloquei também na estante (está num dos tabuleiros do fundo). Curiosamente, ainda ninguém revelou interesse pelo tabuleiro sensorial, provavelmente porque já não se encontram nessa fase!




  Aqui, seriação dos animais no verão e inverno e visualização das diferenças, do porquê delas...

A Matemática continua a ser uma favorita que, graças aos materiais, vê a sua aprendizagem facilitada e muito mais interessante para os mais pequenos. Curiosamente, os mais velhos, conforme vai aumentando o seu poder de abstração, deixam de procurar tanto os materiais. Ainda assim, temos recorrido aos das frações para ajudar a entender alguns conceitos.

O aluno fez esta torre inclinada e rapidamente foi buscar a miniatura da Torre de Pisa! "Olha, professora, é aquela torre inclinada em Itália"!

Frações, equivalência de frações, adições e subtrações de frações... Tudo a partir daqui:

Por fim, mantemos o nosso projeto "Mãos na Terra", da nossa "horta" em vasos de garrafões de água, fazemos registos, medições para ver a sua evolução e vamos plantando e semeando plantas da época. Este projeto só tem sido possível graças a uma super-mãe que todas as semanas se dedica a apoiar-nos neste projeto, trazendo os materiais, plantas, terra para que o nosso processo em aula seja rápido mas eficaz :) Somos-lhe muito gratos, B. <3


<3




sexta-feira, 1 de junho de 2018

Passear


Maria Montessori escreveu no seu livro "A Mente Absorvente":

"Consideremos a criança de dois anos e a sua necessidade de caminhar. É natural que ela manifeste a tendência para andar, nela se prepara o homem e todas as faculdades essenciais humanas precisam se formar.

Uma criança de dois anos pode caminhar por dois ou três quilómetros, e, se lhe agrada, dependurar-se; os pontos difíceis ao longo do caminho constituirão para ela os elementos mais interessantes.

Precisa-se entender que o andar significa para a criança algo muito diverso daquilo que significa para nós. A ideia que ela não possa caminhar durante um percurso muito longo depende das nossas pretensões de fazê-la caminhar acompanhando nossa velocidade, e isto é tão absurdo quanto seria para nós, por exemplo, tentar acompanhar um cavalo até que este dissesse, vendo-nos sem fôlego: “Não adianta; monte e chegaremos juntos lá embaixo”. Mas a criança não quer chegar “lá embaixo”, ela quer tão-somente andar; e como as suas pernas são desproporcionais em relação às nossas, não devemos fazê-la nos acompanhar, mas segui-la.

A necessidade de seguir a criança é clara neste caso, porém não nos devemos esquecer que ela é a regra para a educação dos pequeninos em todas as áreas. A criança tem as suas leis de desenvolvimento e se desejamos ajudá-la a crescer, devemos segui-la, e não nos impormos a ela."







"Ela caminha não só com as pernas, mas com os olhos também; as coisas interessantes que a rodeiam é que a compelem a ir adiante. Anda e vê surgir um cordeirinho, senta-se ao lado dele para observá-lo, depois levanta-se e vai um pouco mais adiante ... vê uma flor, cheira-a... em seguida vê uma árvore, alcança-a, anda em volta dela por umas três ou quatro vezes, senta-se e olha-a."



"Deste modo pode ir adiante por quilómetros a fio: são passeios interrompidos por períodos de repouso e, ao mesmo tempo, repleto de descobertas interessantes, e, se ao longo do caminho há algum obstáculo, por exemplo, uma rocha, a criança se sente superfeliz. A água constitui para ela uma outra grande atração: sentar-se-á ao lado de um riacho e dirá toda satisfeita: “Água!” O adulto que a acompanha e que deseja  chegar o mais rápido possível a um determinado lugar, concebe a caminhada de modo bastante diverso."




"Os hábitos das crianças são parecidos com aqueles das primeiras tribos sobre a terra. (...) O homem caminhava até que encontrasse alguma coisa que o atraísse e interessasse: uma floresta onde pudesse colher lenha, um campo do qual pudesse extrair forragem, e assim por diante. A criança procede desta maneira natural. O instinto de se mover pelo ambiente, passando de uma descoberta a outra, faz parte da natureza própria e da educação: esta deve considerar a criança que caminha como se fora uma exploradora."






"O princípio de explorar (scouting) que actualmente constituo uma distracção e um repouso do estudo, deveria, pelo contrário, fazer parte da própria educação e ser iniciado o mais cedo possível no decorrer da vida. 

Todas as crianças deveriam caminhar assim, guiadas por aquilo que as atrai; e, neste sentido, a educação pode ajudar a criança, dando-lhe na escola uma preparação, ou seja, ensinando-lhe as cores, a forma e as nervuras das folhas, os hábitos dos insectos e de outros animais etc.

 Tudo isto proporcionará motivos de interesse; quanto mais aprender, mais caminhará. Para explorar, a criança deve ser orientada por um interesse intelectual que a nós cabe lhe proporcionar."




Caminhar é um exercício completo em si mesmo, que não requer outros esforços ginásticos. O homem caminhando respira e digere melhor, goza de todas as vantagens que buscamos nos esportes.

É um exercício que forma a beleza do corpo, e se durante o passeio encontra-se alguma coisa interessante para recolher e classificar, ou um valão para pular, ou lenha para juntar para o fogo, com estas ações que acompanham o passeio — esticar os braços, vergar o corpo — o exercício torna-se perfeito."





"A medida que o homem progride nos estudos, o seu interesse intelectual cresce, e com ele cresce também a atividade do corpo. O caminho da educação deve acompanhar o caminho da evolução; caminhar e olhar cada vez mais distante, de modo que, assim, a vida da criança se enriqueça cada vez mais. 

Este princípio deveria fazer parte da educação, sobretudo hoje, que as pessoas pouco caminham, mas se deixam transportar por veículos de todos os tipos. Não é bom dividir a vida em dois, ocupando os membros com o esporte e a cabeça com a leitura de um livro, A vida deve ser uma coisa única, especialmente nos primeiríssimos anos, quando a criança deve construir â si mesma segundo o plano e as leis de seu desenvolvimento." 

Páginas 182 a 185


Perfeito, não é?

Ana