sábado, 16 de junho de 2018

Arrumar! (e Heptágono dos Continentes gratuito para imprimir )

Se há coisa de que estou grata a esta forma Montessori de viver, é da sugestão de se tentar sempre que possível manter a ordem e organização do espaço da criança (e sempre que possível da casa toda, embora por cá não sejamos rigidos e valorizemos mais o contacto e atenção à criança que à arrumação especificamente).

A criança que cresce num ambiente organizado, com poucos brinquedos (isso é possível se se fizer rotatividade de materiais e brinquedos), bonito e ajustado a si, torna-se uma criança que gosta de organizar e ver o seu espaço arrumado!

Claro que faz parte demonstrar como se organiza, convidar a arrumar e limpar connosco (sem forçar, como é óbvio, aceitando os nãos), e acima de tudo, manter sempre uma certa congruência na arrumação: animais nos mesmos cestos; materiais nos mesmos tabuleiros, tapetes no mesmo sítio... A criança pequena adora a ordem, pois ajuda-a a adaptar-se a este mundo que ainda é tão recente e novo para ela! A previsibilidade do seu ambiente dá-lhe segurança e ajuda a que, mais tarde, o deseje manter bonito, organizado e confortável assim!

É o que temos observado cá por casa nestas semanas antes do 3o aniversário: ele gosta tanto da ordem que, naturalmente, deseja arrumar as coisas no sítio! É uma grande conquista, para ele, saber finalmente enrolar o tapete e colocar os materiais no sítio. Ainda não o faz perfeitamente, mas todos os dias melhora!

Este é o nosso espaço actual!








Embora ainda não tenha sequer iniciado um estudo mais completo da Terra, dos Oecanos e dos Continentes, decidi criar esta actividade sensorial, apenas de exploração das cores, globo e livro, inspirada em algumas actividades que vi no Facebook da Devi Sekaran, uma mamã de 3 filhos com materiais belíssimos e uma excelente capacidade montessoriana em casa 😊😊😊

Embora não tenha feito grandes apresentações, ele chegou bem lá: associou as cores no heptágono dos continentes, desfolhou o livro (e conclui que a grande maioria das páginas eram algo complexas para ele, mas adorou as 1as - em que aparece a Terra apenas com Oceanos e Terra), e a partir daí associou que o globo representa a Terra 😉


Para descarregar o Heptágono dos Continentes, acedam por aqui:


Um abraço :) <3



domingo, 10 de junho de 2018

Passear tem sido a palavra de ordem destes dias :)


O campo é realmente uma zona Sensorial e Físico-Motora fantástica para pequenos da idade dele! É só coisas boas! :) <3



















Ai, ai, já estou a adivinhar quem vai ter de estudar o nome destas máquinas todas!!!






Tão bom trazer as galochas :) <3






E encontra-se sempre alguém com quem brincar (ou tentar :) ) <3


Ela!



Observar a Auto-Descoberta de um bebé é algo lindo demais!


Ela :) <3



Ela e o Espelho <3





Ela e o mano! <3




A Descoberta da Mão!!! <3




Eles na Natureza! <3 <3 <3



Recomeçando :)


Nada como a chegada dum novo baby para começar a aplicar Montessori desde o início. No caso de D., só ouvi falar de Montessori tinha ele já 8 meses, pelo que só começamos nessa altura, graduadamente. Entretanto, em janeiro nasceu a L., e lá quis eu começar a fazer Montessori do início e a observar aquilo que não pude na 1ª vez :)

Embora tenha imaginado que seria bom preparar D. para a sua chegada, ele rapidamente me mostrou que não, não queria, saindo da nossa beira quando lhe falávamos do assunto, dizendo não, não... Confesso que tive dias em que me preocupei, mas na 1ª visita à mana no hospital, ele mostrou que não tínhamos nada com que nos preocupar quanto a isso: desde logo demonstrou um carinho imenso e uma paixão linda pela mana :) Claro que também teve uma espécie de "quebra" emocional, um receio inicial de ser posto de lado, mas fizemos questão de o abraçar muito nesta nova mudança, e logo o envolvi, de acordo com a sua curiosidade, nos cuidados da mana: ajudar a mudar a fralda, ajudar no banhinho, dar beijinhos... :)

Hoje fica muito incomodado se a mana chorar e faz de tudo para a animar: o que mais gosta de fazer é dar-lhe beijinhos na barriga e vê-la sorrir, ou então chamar o seu nome e cantar-lhe :) E depois há aquela coisa que as crianças de idades próximas têm: parece que se lembram melhor do que fazer para se animarem umas às outras! <3

Bem, então vamos lá ver como montessoriamos as coisa por cá:




Os bebés recém-nascidos vêem desfocado, mas sentem-se fortemente atraídos por imagens com contrastes fortes e bem definidos. Então, compramos estes livros por sugestões já vistas neste mundo da blogosfera, e adorámos ver a reacção da L.

Incrível a atenção prestada. Antes disto, confesso que sempre pensei "ah, mas para quê estimulá-los tão cedo?", mas rapidamente percebi porquê: com o 1º filho é fácil estarmos presentes, estarmos sempre lá a falar-lhe, tocar, mimar, cantar... Mas quando temos um segundo bebé, com o 1º filho a exigir ainda imensa atenção, ajuda muito ter o bebé a prestar atenção a algo que lhe vai dando um pouco do mundo, enquanto orientamos o ambiente e as coisas para o mais velho ficar entretido também :)

Maria Montessori criou esta sugestão metodológica para bebés enquanto estava na Índia, depois de observar que as mães lá, com muitos filhos, necessitavam que os bebés se entretivessem enquanto apoiavam os filhos mais velhos. Assim, os pequeninos ficavam entretidos e ao mesmo tempo a serem estimulados, podendo, no entanto, virar a cara quando sentissem que era demais, começando já aqui o processo de auto-regulação e auto-conhecimento. Importante, portanto, estarem deitados numa superfície lisa, como o colchão no chão, a famosa caminha Montessori, de modo a poderem mover-se livremente e explorar o seu corpo e todos os movimentos que lhe sejam possíveis. 

À caminha pode-se adicionar na parede um espelho, para que o bebé se possa ver e também conhecer :) O espelho ajuda também a perceber movimentos, simetrias, toda uma quantidade de visões do mundo que o rodeia e que fazem parte da sua vida.

E então, os mobiles. Mas os mobiles Montessori não são como esses que se vêm nas lojas. Podem mt bem ser feitos home made, e se soubesse o que sei hoje, teria feito ainda grávida. Ainda me safei com o Munari, mas o resto tem sido muito improvisado, lol! :)




Depois do munari (que não durou uma semana porque o mano gostou muito muito de brincar com ele - crianças são crianças, e crianças Montessori são-no também :) ), "inventei" um dos poliedros um pouco incomum:
Basicamente, peguei nas barrinhas azul, amarela e vermelha da Caixa de Cores nº2 Montessori e pendurei :P Lol! A esta estrutura chamo-lhe "Mãe sem tempo mas que quer que a filha usufrua de Montessori" :) Lol!

Pretendo adquirir a Caixa de Cores nº 3 Montessori em breve para o mano mais velho, então tb terei brevemente a possibilidade de criar o móbile de gradação de cores para ela, hehehe!!! :P :D

* foto de atualização :) <3


Entretanto, ela montessoriza-se com:


A observação sempre possível das actividades que o mano faz, e


Babywearing. Muito Babywearing! Embora o termo seja recente, Maria Montessori era uma grande fã do Babywearing, depois de observar e reflectir sobre comunidades onde carregar bebés em diversos e tradicionais porta-bebés era bastante benéfico para os mesmos e também para as mães.

Recomendo muito a leitura desta compilação feita pela Diana Ferreira sobre os benefícios da Amamentação e Babywearing observados por Maria Montessori, que está perfeita:




<3 <3 <3

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Passear


Maria Montessori escreveu no seu livro "A Mente Absorvente":

"Consideremos a criança de dois anos e a sua necessidade de caminhar. É natural que ela manifeste a tendência para andar, nela se prepara o homem e todas as faculdades essenciais humanas precisam se formar.

Uma criança de dois anos pode caminhar por dois ou três quilómetros, e, se lhe agrada, dependurar-se; os pontos difíceis ao longo do caminho constituirão para ela os elementos mais interessantes.

Precisa-se entender que o andar significa para a criança algo muito diverso daquilo que significa para nós. A ideia que ela não possa caminhar durante um percurso muito longo depende das nossas pretensões de fazê-la caminhar acompanhando nossa velocidade, e isto é tão absurdo quanto seria para nós, por exemplo, tentar acompanhar um cavalo até que este dissesse, vendo-nos sem fôlego: “Não adianta; monte e chegaremos juntos lá embaixo”. Mas a criança não quer chegar “lá embaixo”, ela quer tão-somente andar; e como as suas pernas são desproporcionais em relação às nossas, não devemos fazê-la nos acompanhar, mas segui-la.

A necessidade de seguir a criança é clara neste caso, porém não nos devemos esquecer que ela é a regra para a educação dos pequeninos em todas as áreas. A criança tem as suas leis de desenvolvimento e se desejamos ajudá-la a crescer, devemos segui-la, e não nos impormos a ela."







"Ela caminha não só com as pernas, mas com os olhos também; as coisas interessantes que a rodeiam é que a compelem a ir adiante. Anda e vê surgir um cordeirinho, senta-se ao lado dele para observá-lo, depois levanta-se e vai um pouco mais adiante ... vê uma flor, cheira-a... em seguida vê uma árvore, alcança-a, anda em volta dela por umas três ou quatro vezes, senta-se e olha-a."



"Deste modo pode ir adiante por quilómetros a fio: são passeios interrompidos por períodos de repouso e, ao mesmo tempo, repleto de descobertas interessantes, e, se ao longo do caminho há algum obstáculo, por exemplo, uma rocha, a criança se sente superfeliz. A água constitui para ela uma outra grande atração: sentar-se-á ao lado de um riacho e dirá toda satisfeita: “Água!” O adulto que a acompanha e que deseja  chegar o mais rápido possível a um determinado lugar, concebe a caminhada de modo bastante diverso."




"Os hábitos das crianças são parecidos com aqueles das primeiras tribos sobre a terra. (...) O homem caminhava até que encontrasse alguma coisa que o atraísse e interessasse: uma floresta onde pudesse colher lenha, um campo do qual pudesse extrair forragem, e assim por diante. A criança procede desta maneira natural. O instinto de se mover pelo ambiente, passando de uma descoberta a outra, faz parte da natureza própria e da educação: esta deve considerar a criança que caminha como se fora uma exploradora."






"O princípio de explorar (scouting) que actualmente constituo uma distracção e um repouso do estudo, deveria, pelo contrário, fazer parte da própria educação e ser iniciado o mais cedo possível no decorrer da vida. 

Todas as crianças deveriam caminhar assim, guiadas por aquilo que as atrai; e, neste sentido, a educação pode ajudar a criança, dando-lhe na escola uma preparação, ou seja, ensinando-lhe as cores, a forma e as nervuras das folhas, os hábitos dos insectos e de outros animais etc.

 Tudo isto proporcionará motivos de interesse; quanto mais aprender, mais caminhará. Para explorar, a criança deve ser orientada por um interesse intelectual que a nós cabe lhe proporcionar."




Caminhar é um exercício completo em si mesmo, que não requer outros esforços ginásticos. O homem caminhando respira e digere melhor, goza de todas as vantagens que buscamos nos esportes.

É um exercício que forma a beleza do corpo, e se durante o passeio encontra-se alguma coisa interessante para recolher e classificar, ou um valão para pular, ou lenha para juntar para o fogo, com estas ações que acompanham o passeio — esticar os braços, vergar o corpo — o exercício torna-se perfeito."





"A medida que o homem progride nos estudos, o seu interesse intelectual cresce, e com ele cresce também a atividade do corpo. O caminho da educação deve acompanhar o caminho da evolução; caminhar e olhar cada vez mais distante, de modo que, assim, a vida da criança se enriqueça cada vez mais. 

Este princípio deveria fazer parte da educação, sobretudo hoje, que as pessoas pouco caminham, mas se deixam transportar por veículos de todos os tipos. Não é bom dividir a vida em dois, ocupando os membros com o esporte e a cabeça com a leitura de um livro, A vida deve ser uma coisa única, especialmente nos primeiríssimos anos, quando a criança deve construir â si mesma segundo o plano e as leis de seu desenvolvimento." 

Páginas 182 a 185


Perfeito, não é?

Ana